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“William Osler”, “O cambista e a mulher”, “Mulher hidróptica”, “Mulher anémica”

“William Osler”, “O cambista e a mulher”, “Mulher hidróptica”, “Mulher anémica”

“William Osler” (sec. XIX-XX) (Henry Salomon, 1860-1936) Coleção Wellcome), “O cambista e a mulher” (1539) (Marinus van Reymerswaele, 1490-1646), “Mulher hidróptica” (1663) (Gerrit Dou, 1613-1675), “Mulher anémica” (1667) (Samuel van Hoogstraten, 1627-1678)

Citação em destaque

O internista é, no seguimento dos intemporais ensinamentos do grande William Osler, o especialista das doenças sistémicas, desde as mais prevalentes, até às mais raras. É o “expert” do diagnóstico diferencial, porque ninguém se apresenta ao médico, pela primeira vez, com um diagnóstico prévia e inequivocamente formulado. É o médico da individualização da terapêutica e do relacionamento humano, porque é capaz de integrar as particularidades da personalidade de cada um dos seus doentes, na adequada estratégia de acompanhamento clínico. Seria completamente abusivo, contudo, pretender afirmar de que patologias padeceriam as personagens destes três belíssimos quadros: Qual a causa das adenomegalias cervicais da mulher do cambista patentes no segundo quadro? E da hidrópsia da doente retratada no terceiro? E a anemia da doente do último?

Não é legítima qualquer afirmação de certeza. E, por isso, o internista é, também, o especialista da ética e da responsabilidade profissional, capaz de saber distinguir o interesse de uma eloquente dissertação, no contexto de uma prova de índole académica, daquilo que se exige na abordagem clínica do doente concreto. É, pois, ainda, o cultor, por excelência, da interpretação dos achados semiológicos e da colheita de uma história clínica exaustiva que, a par dos pormenores dos dados epidemiológicos e dos antecedentes familiares e farmacológicos, lhe permitem a síntese harmoniosa de um raciocínio clínico linear e inteligível, para que a requisição dos exames auxiliares de diagnóstico, cujos resultados lhe exigem nova e critica avaliação, permitam, finalmente, chegar a uma diagnóstico assertivo, com vista a que o doente possa ser então tratado segundo a “legies artis”. O muito atual contexto das denominadas “doenças raras” é, a este propósito, particularmente ilustrativo.

 

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