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“Siameses”, “Separação de Siameses”, “Criança no pós-operatório de transplante hepático”

“Siameses”, “Separação de Siameses”, “Criança no pós-operatório de transplante hepático”

“Siameses” (1630) (Everard van der Maes, 1577-1647), “Separação de Siameses” (1967) (William Brooker, 1918-1963), “Criança no pós-operatório de transplante hepático” (1989) (Roy Calne, 1930- ) )

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Se há intervenção cirúrgica que pode simbolizar um quase “milagre” aos olhos do vulgar cidadão e, sobretudo, dos respetivos pais, é a separação de um par de siameses, sobretudo quando é possível preservar a sobrevivência de ambos e, mais ainda, quando os mesmos podem almejar ter uma vida dita normal e sem grandes restrições, ou, sequer, sequelas funcionais significativas.

Mas, a verdade, é que, por norma, ninguém encara a criança, “a priori”, como um potencial doente, porque isso é tido, intuitivamente, como “contranatura”, bem como, há poucos que dizem preferir serem operados, a ter de se submeter a uma outra qualquer terapêutica farmacológica. Contudo, tal como diz o sábio aforismo popular, “para grandes males, grandes remédios”. Se isto se aplica, na generalidade, aos doentes, custa certamente muito mais a interiorizar quando se trata de crianças. Por isso, muitos pais dizem, genuinamente, que prefeririam transferir a doença dos seus filhos para si próprios, se tal, de alguma forma, fosse possível. Por tudo isto, mesmo fora do contexto muito particular dos siameses, quase todas as doenças que careçam de intervenção cirúrgica na idade pediátrica são vivenciadas pela própria criança, quando já tem alguma consciência do perigo, mas, sobretudo, pelos familiares, designadamente pelos pais, avós ou irmãos mais velhos, com grande e compreensível ansiedade, o que remete para a necessidade da existência de um relacionamento entre os três atores em causa, médico, criança e família, exigindo muito de cada um, mas em que cabe, sem dúvida, ao médico, grande parte da iniciativa e da consequente responsabilidade. É que todos eles têm consciência de que nem todos os casos têm um desfecho tão satisfatório, quanto o que ficou expresso no quadro de Roy Calne.

 

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