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“Doença imaginária” e “O suposto inválido”

“Doença imaginária” e “O suposto inválido”

“Doença imaginária” (1850) e “O suposto inválido” (1850) de Honoré Daumier, 1808-1879

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O autor destes quadros foi um grande artista plástico francês do século XIX. Muito polifacetado (pintor, escultor e litografista) distinguiu-se sobretudo como caricaturista. É sabido que existem contextos clínicos particulares em que o diálogo é muito difícil ou mesmo impossível entre a pessoa do médico e a do doente. Sendo o diálogo (falado e escutado) uma peça muito importante para se estabelecer um adequado relacionamento entre estes dois únicos protagonistas do Ato Médico, deve considerar-se que existem outras formas de comunicação possíveis, não devendo nenhuma excluir as restantes. A comunicação pela escrita, e a importância do toque, dos gestos, e da expressão facial, em particular do olhar, nunca devem ser descuradas. Autores como Charles Darwin (naturalista inglês), Johann Lavater (filósofo suíço), Charles Bell (cirurgião inglês), Charles Le Brun (artista plástico francês) e Pierre Marie Gault de Germain (também artista plástico francês), publicaram ensaios sobre a importância da interpretação das expressões fisionómicas, exemplificando-os com alusivas ilustrações.

Contudo, um dos cenários em que, não sendo o diálogo impossível (antes pelo contrário), existe uma dificuldade notória em descodificar o seu real significado, é quando a doença é, como se alude nestas duas caricaturas, “imaginária”. A sabedoria popular afirma, com toda a sua perspicácia, que “a mania é pior do que a doença”. Mas mesmo nestes casos, o médico não pode liminarmente dizer que a “doença está ausente”, e assim abandonar de imediato, à sua triste sorte, quem o procura por alegado sofrimento, afirmando perentoriamente que essa pessoa não sofre de nenhum distúrbio concreto. Por questões éticas e porque, bem apurados os factos, até pode haver alguma ajuda a oferecer ao “doente” ou existir alguma patologia séria “escondida” por trás das aparências.

 

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