O autor destes quadros foi, sem sombra de dúvida, um dos expoentes escoceses da pintura na segunda metade do século XX. Foi transplantado de fígado por Sir Roy Calne, pioneiro neste tipo de cirurgia na Grã-Bretanha (também ele um emérito pintor), para tratamento de uma insuficiência hepática grave consequente a uma cirrose de longa evolução. Certamente que, no decurso da sua estadia hospitalar, houve momentos em que terá deixado de poder comunicar com o seu dileto médico, mas certamente que esse incómodo transitório terá sido bastante atenuado, não só pela adequada explicação prévia daquilo em que consistiria a cirurgia, bem como o apertado acompanhamento no pré e no pós operatório, mas também, porque, mesmo enquanto numa fase de transitória obnubilação mental, pode certamente escutar-lhe a voz e sentir o toque da sua mão. O quadro de agradecimento e a reconhecida conhecida dimensão humana do médico em causa tornam lícita esta especulação.