Notícias
Divulgação CulturalVisitas guiadas | Bibliotecas limpas: Censura dos livros impressos nos séculos XV a XIX | 5 mar. | 14h30 | BNP

Bibliotecas limpas
Censura dos livros impressos nos séculos XV a XIX
EXPOSIÇÃO | 25 fev. – 23 abr. ’22 | Sala de Exposições – Piso 3 | Entrada livre
> As visitas à BNP obrigam à desinfeção das mãos e ao uso de máscara durante a permanência no edifício.
Os livros são feitos para serem lidos. Mas nem tudo pode ser dito. Daí que, em todos os tempos e em todos os lugares, existam formas de controlo para impedir a circulação de certos conteúdos, textos escritos e não só. Há mil maneiras de prevenir o mal, e outras mil de o reprimir, quer na era dos papíros, quer na da Internet. A exposição Biblioteca limpa: censura dos livros impressos nos séculos XV a XIX visa mostrar e explicar como se desenrolou, em Portugal durante o período marcado pela ação do Tribunal do Santo Ofício, ou Inquisição (1536-1821), a repressão dos livros impressos. Quando se fala em censura de livros, pensamos logo nos meios mais expeditos: fazer com que o objeto desaparecesse fisicamente ou que a sua circulação fosse impedida. Nesse caso, macrocensório, é todo o conteúdo que fica inacessível. Mas havia casos pontuais: eram palavras, frases ou passagens de maior ou menor extensão que convinha suprimir dentro de uma obra para que esta pudesse continuar a ser lida. É do intervencionismo microcensório que se trata.
Na cultura letrada europeia, que passou da circulação manuscrita à do impresso, fixar os cânones, impor a ortodoxia, remete-nos para uma história de debates e tragédias, com práticas às vezes negociadas, na maior parte do tempo impostas, e também com incidência no destino individual. O filósofo Giordano Bruno, queimado em Roma em 1601, figura de destaque na história dos assassinatos legais, não é uma exceção: António José da Silva, o dramaturgo chamado «o Judeu», foi executado da mesma forma em Lisboa em 1739. Comparada com as medidas de eliminação do autor, vítimas minoritárias entre todas aquelas cujo fim foi idêntico, e dos livros, a expurgação pode parecer um mal menor. Aqui, a correção não é das almas e dos corpos mas sim das palavras. Reveste três modalidades: além da pura e simples supressão, corrigir, em casos menos frequentes, significa substituir ou acrescentar, como o mostram os exemplares expostos.
As obras alvo desta censura textual não eram escolhidas ao acaso. Usavam-se listas. A burocracia bibliográfica inquisitorial portuguesa inspirava-se no trabalho feito em outros países, quer neles vigorasse a Inquisição, como a Espanha ou a Itália, quer não, como a França, a Alemanha ou a Boémia. A história editorial dos índices de livros proibidos, cada vez mais amplos, começa por listas manuscritas e rapidamente passam a ser impressas, a partir de 1544 (Paris). Em Portugal, uma lista manuscrita intitulada Prohibição dos livros defesos (1547), inaugura uma série que, nesta exposição, culmina com o Index auctorum damnatae memoriae de 1624, que contém as mais de 26.000 instruções com força de lei para expurgar mais de um milhar de títulos.
Páginas de Juan Huarte de San Juan, Examen de ingenios para las sciencias, Huesca, 1581. (BNP/S.A. 5212 P.)Porquê e como aconteceu este processo inquisitorial de expurgação? Eis as questões fulcrais que esta mostra de alguns exemplares vítimas de repressão textual ao longo dos três últimos séculos do Antigo Regime pretende ilustrar. A exposição apresenta assim as origens diretas deste modo de controlo nos livros já editados, produzidos em Portugal e importados, os meios desenvolvidos e os efeitos de um trabalho de limpeza textual massivo, planeado e meticuloso.
Hervé Baudry
(CHAM-FCSH NOVA)
Fonte: bnportugal.pt
Outros artigos em Divulgação Cultural:

Mostra | Maria José Marinho: 90 anos | 26 abr. – 16 jul. | BNP
Maria José Vieira Marinho, que nasceu no Porto a 21 de abril de 1928, era filha do filósofo José Marinho. Aí frequentou o Liceu Carolina Michaëlis e, mais tarde, em Lisboa, a Faculdade de Letras, onde concluiu o curso de Ciências Histórico-Filosóficas. Conheceu o ensaísta Alberto Ferreira, ainda como explicando do pai, com o qual veio a casar

Ciclo de Seminários | História Global e História dos Impérios | 2 maio | 17h00 | BNP
O principal objectivo do seminário consiste em exemplificar diferentes modos analíticos de proceder em história global e dos impérios. A sua ambição, mais geral, é a de se constituir em foro de uma discussão destinada a estabelecer as bases para se poder pensar historicamente os processos de globalização, a começar pelos processos de construção dos impérios

XXVII – Congresso da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores
Publicação de textos inscritos nos Anais do Congresso e participação nos concursos literários nas modalidades inscritas se recebidos até dia 30 de junho 2018

26 de Abril: Conferência “Manifestações de Lusofonia e de Lusofilia em países da Europa do Norte durante os séculos XVII a XVIII”
26 de abril de 2018, às 18h00 – Orador: Doutor Pedro da Silva Germano – Salão Nobre do Palácio da Independência